terça-feira, 25 de janeiro de 2022

MOSQUITO DA DENGUE NO PARÁ

Um dos desafios atuais da área de saúde no Pará é o combate ao mosquito Aedes aegypti causador da dengue. Autoridades municipais e estaduais têm alertado a população sobre a propagação rápida da doença que colocou ao menos dez municípios do Estado em zona vermelha de alerta: Belém, Itaituba, Altamira, São João do Araguaia, Trairão, Vitória do Xingu, Alenquer, Novo Repartimento, Redenção e Santarém.

Ao mesmo tempo, pesquisas recentes indicam que o desmatamento tem contribuído para a proliferação do Aedes, entre outros causadores de doenças infecciosas.

O estudo de cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), por exemplo, publicado na revista científica “PLOS”, demonstra que o avanço da destruição do Cerrado está diretamente ligado ao aumento do número de casos de dengue na região. O trabalho mostra que, se o ritmo do desmatamento continuar semelhante ao atual, em 2030 toda a área do Cerrado terá um aumento considerável dos casos da doença.

Apesar de o estudo focar em outro bioma que não o amazônico, outras pesquisas apontam para o mesmo caminho, o de que as mudanças climáticas estão criando condições ideais para a transmissão de doenças infecciosas, potencialmente desfazendo décadas de progresso no controle de doenças como dengue, chikungunya, zika, malária e cólera.

O relatório do projeto Lancet Countdown, associado à prestigiosa revista científica Lancet, representa o consenso dos principais pesquisadores de 38 instituições acadêmicas e agências da ONU. Os 44 indicadores no relatório de 2021 expõem um aumento crescente dos problemas de saúde causados pela mudança climática:

O potencial para surtos de dengue, chikungunya e zika está aumentando mais rapidamente em países com um índice de desenvolvimento humano muito alto, incluindo países europeus. A suscetibilidade a infecções de malária está aumentando em áreas montanhosas mais frias de países com baixo índice de desenvolvimento humano. As praias ao redor do norte da Europa e dos Estados Unidos estão se tornando mais propícias à proliferação de bactérias causadoras de gastroenterite, infecções graves em feridas e sepse. Em países com recursos limitados, a mesma dinâmica está colocando em risco décadas de progresso no controle ou eliminação dessas doenças.

Há 569,6 milhões de pessoas vivendo a menos de 5 metros acima do nível do mar, que podem enfrentar riscos cada vez maiores de inundações, tempestades mais intensas e salinização do solo e da água. Muitas dessas pessoas podem ser obrigadas a deixar permanentemente essas áreas e migrar para o interior.

Esses riscos agravam os perigos à saúde que muitos já enfrentam, especialmente em comunidades expostas a condições de insegurança hídrica e alimentar, ondas de calor e disseminação de doenças infecciosas.

Em nível global, em 2020, adultos com mais de 65 anos foram afetados por 3,1 bilhões de dias a mais de exposição a ondas de calor do que na média da linha de base de 1986-2005. Idosos da China, Índia, Estados Unidos, Japão e Indonésia foram os mais afetados.

Enquanto os países injetam trilhões de dólares para recuperar suas economias em meio à pandemia da covid-19, o relatório da “Lancet” exorta líderes políticos e formuladores de políticas a usarem esse gasto público para reduzir as desigualdades. Promover uma recuperação verde, gerando novos empregos ambientalmente sustentáveis e protegendo a saúde, ajudará a criar populações mais saudáveis agora e no futuro.

Altamira

Claudio Cabreira, representante da vigilância de endemias de Altamira, reforçou à TV Globo, em reportagem desta semana, que 3 bairros do município registraram 100% de focos do mosquito da dengue, em novembro do ano passado. Já em relação à totalidade dos bairros, a cada 10 casas inspecionadas, 2 apresentaram registro do mosquito da dengue.

Em 2021, o Pará registrou aumento nos casos de adoecimento pelo vírus da dengue. Chikungunya, zika e até um caso de febre mayaro também foram registrados em 2021. Pesquisas recentes indicam que o famoso mosquito da dengue também pode ser o responsável pela transmissão de mayaro.

Dos mais de 4893 casos confirmados de dengue, em 2021, no Pará, um veio a óbito. O Estado ainda registrou 257 casos de chikungunya, e 50 de zika no período. Para essas duas arboviroses a taxa de contágio reduziu quando comparada a 2020.

Regiões que registraram recentemente excesso de chuva ou inundações precisam de cuidados redobrados. Os ovos do Aedes aegypti, mesmo que eles estejam no frasco sem água, podem ficar até quase um ano viáveis. E quando chega o período da chuva, eles vão entrar em contato com a água e, de cinco a sete dias, esse mosquito, que passou um ano adormecido dentro desse ovo, vai nascer novamente, alerta Cassio Peterka, da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde.

“A atenção tem que ser muito mais redobrada no momento em que as inundações estão baixando, quando a gente tem aumento do número de criadouros e que isso facilitaria a proliferação do vetor. Então, a ideia é aliar nossas ações rotineiras e em momentos onde haja desastres, onde haja um aumento muito grande das chuvas, a gente tenha uma atenção redobrada”, esclarece Cassio.

Brasil

Em 2020, houve em todo o mundo 2,7 milhões de casos de dengue. Desse total, 36,5% foram no Brasil. Mais da metade deles foi registrada no Cerrado. De 2008 a 2019, a dengue matou 6,4 mil pessoas em território brasileiro.

O avanço do Aedes aegypti em áreas tropicais é relacionado à urbanização, sobretudo em cidades sem infraestrutura de saneamento básico. A perda do habitat e a redução de predadores naturais “empurra” o inseto para áreas urbanizadas, espalhando a dengue.

Fonte: Pará Terra Boa / The Lancet, Secretaria de Estado da Saúde, com Brasil 61 - Fotos ilustrativas extraídas do Google.


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