quinta-feira, 1 de setembro de 2022

SANTARÉM: SALVE, SALVE, GLORIOSO SÃO RAIMUNDO!

Paróquia de São Raimundo Nonato

Crônica de Emanuel Figueira

Hoje, com as postagens de vários cidadãos aldeenses da velha guarda que anunciam que hoje é o dia da Festa do padroeiro do bairro da Aldeia, aqui em Santarém-PA, alguns flashes acontecidos na festividade desse santo, no passado, vieram à minha mente com aquele tempero da lembrança boa, de saudade e, talvez, da imortal reminiscência do "ter vivido", de Pablo Neruda.

E, de repente, vieram alguns personagens daquela saga magnífica. A dona Dica, mãe do Assunção que cuidava da sacristia; Dona Lua Matos com seu Orlando Cota descendo para a igreja de braços dados; seu João que cuidava da Praça do Centenário; seu Vicente do Bar "lá da 24"; a família Matos (seu Otaviano, D. Maria e filhos), o seu Bruno e d. Judith (esta que era amiga da minha mãe, que a conheceu através da Rute "Pipoca", também uma das grandes "partners" de minha mãe...

É que já me fogem os nomes de muitos que viveram aqueles bons momentos no nosso antigo e único bairro da Aldeia.

E o arraial?

A praça lotada de gente... Alguns barcos vindos do interior ancoravam na praia extensa da frente da casa dos padres franciscanos e de lá saiam caboclos e caboclas bonitas e "cheirando a patchuli".

Para nós, jovens do bairro, no dia da festa, com autorização dos nossos pais, saíamos de casa com a finalidade de participar da liturgia.  Mas, jovem, eu preferia me reunir com outros moleques da época, sentar em um banco e olhar as mocinhas passarem todas produzidas, com seu melhor vestido godê…

Os que já tinham namorada, a finalidade era o encontro. Um encontro, na maioria das vezes, escondido dos pais da moça. Ou porque "ainda era muito cedo para namorar" ou porque os pais dela não apoiavam o namoro. Assim, em um escurinho a sombra dos benjaminzeiros, rolavam beijos, abraços, juras de amor eterno e aquele momento lindo que fazia com que se desafiasse todo o perigo de um flagrante dos tios, irmãos ou mesmo do pai.

Os jovens que não tinham namorada ficavam na "paquera". As cantadas não eram tão claras. A ousadia estava em um comentário meio velado como se fosse uma conversa em meia voz com quem estava ao nosso lado.

A conquista estava no olhar, em uma piscadela ou numa apresentação por uma amiga próxima àquela moça que nos causava suspiros e trazia aquela emoção meio desconhecida da paixão.

Lá no interior da igreja os cantos seguiam e a voz do pregador do dia (que podia ser Frei Vitorino, Frei Benjamin ou Frei Juvenal) chegava até nós, visto que obrigatoriamente o som (que muitas vezes podia ser da Propaganda Volante Guarany, do seu Otávio Pereira), ou algo de menor potência dos padres mesmo, pelo respeito ao silêncio solicitado, chegava bem nítido a nós, jovens pecadores que ficávamos zanzando na praça.

Era uma festa grandiosa e muito participada. Vinham pessoas do bairro da Prainha para se juntar ao povo do bairro da Aldeia e fazer festa, às vezes rezar ou sentar em uma mesa na Barraca da Santa para um jantar com familiares ou amigos. Era assim que há sessenta e cinco anos eu e meus contemporâneos participávamos do arraial da festa do Padroeiro do bairro da Aldeia!

Parece um divagar inverossímil para os jovens do mundo atual. Mas já com setenta e dois anos eu ainda consigo trazer à baila fatos, acontecimentos e pessoas que desfrutaram desse inesquecíveis arraias.

SALVE, SALVE, GLORIOSO SÃO RAIMUNDO! (Stm, 31/08/2022 - uma homenagem)


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