Paróquia de São Raimundo Nonato |
Hoje, com as postagens de
vários cidadãos aldeenses da velha guarda que anunciam que hoje é o dia da
Festa do padroeiro do bairro da Aldeia, aqui em Santarém-PA, alguns flashes
acontecidos na festividade desse santo, no passado, vieram à minha mente com
aquele tempero da lembrança boa, de saudade e, talvez, da imortal reminiscência
do "ter vivido", de Pablo Neruda.
E, de repente, vieram alguns
personagens daquela saga magnífica. A dona Dica, mãe do Assunção que cuidava da
sacristia; Dona Lua Matos com seu Orlando Cota descendo para a igreja de braços
dados; seu João que cuidava da Praça do Centenário; seu Vicente do Bar "lá
da 24"; a família Matos (seu Otaviano, D. Maria e filhos), o seu Bruno e
d. Judith (esta que era amiga da minha mãe, que a conheceu através da Rute
"Pipoca", também uma das grandes "partners" de minha mãe...
É que já me fogem os nomes de
muitos que viveram aqueles bons momentos no nosso antigo e único bairro da
Aldeia.
E o arraial?
A praça lotada de gente...
Alguns barcos vindos do interior ancoravam na praia extensa da frente da casa
dos padres franciscanos e de lá saiam caboclos e caboclas bonitas e
"cheirando a patchuli".
Para nós, jovens do bairro, no
dia da festa, com autorização dos nossos pais, saíamos de casa com a finalidade
de participar da liturgia. Mas, jovem,
eu preferia me reunir com outros moleques da época, sentar em um banco e olhar
as mocinhas passarem todas produzidas, com seu melhor vestido godê…
Os que já tinham namorada, a
finalidade era o encontro. Um encontro, na maioria das vezes, escondido dos
pais da moça. Ou porque "ainda era muito cedo para namorar" ou porque
os pais dela não apoiavam o namoro. Assim, em um escurinho a sombra dos
benjaminzeiros, rolavam beijos, abraços, juras de amor eterno e aquele momento
lindo que fazia com que se desafiasse todo o perigo de um flagrante dos tios,
irmãos ou mesmo do pai.
Os jovens que não tinham
namorada ficavam na "paquera". As cantadas não eram tão claras. A
ousadia estava em um comentário meio velado como se fosse uma conversa em meia
voz com quem estava ao nosso lado.
A conquista estava no olhar,
em uma piscadela ou numa apresentação por uma amiga próxima àquela moça que nos
causava suspiros e trazia aquela emoção meio desconhecida da paixão.
Lá no interior da igreja os
cantos seguiam e a voz do pregador do dia (que podia ser Frei Vitorino, Frei
Benjamin ou Frei Juvenal) chegava até nós, visto que obrigatoriamente o som
(que muitas vezes podia ser da Propaganda Volante Guarany, do seu Otávio
Pereira), ou algo de menor potência dos padres mesmo, pelo respeito ao silêncio
solicitado, chegava bem nítido a nós, jovens pecadores que ficávamos zanzando
na praça.
Era uma festa grandiosa e
muito participada. Vinham pessoas do bairro da Prainha para se juntar ao povo
do bairro da Aldeia e fazer festa, às vezes rezar ou sentar em uma mesa na
Barraca da Santa para um jantar com familiares ou amigos. Era assim que há
sessenta e cinco anos eu e meus contemporâneos participávamos do arraial da
festa do Padroeiro do bairro da Aldeia!
Parece um divagar inverossímil
para os jovens do mundo atual. Mas já com setenta e dois anos eu ainda consigo
trazer à baila fatos, acontecimentos e pessoas que desfrutaram desse
inesquecíveis arraias.
SALVE, SALVE, GLORIOSO SÃO RAIMUNDO! (Stm, 31/08/2022 - uma homenagem)
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